quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cliché

4 meses. 4 meses em que a cada dia que passava, ansiava que fosse o ultimo, chegasse o fim desta ausência de rostos.
Não te vejo, não te sinto, estás longe.
A dor deste sofrimento faz-me degradar a imagem do destino, faz-me difamar a sua astúcia, faz-me querer voltar atrás e nunca te ter conhecido...por culpa desse invejoso facto do caminho da vida.
Sádico! Assim o apelido, que por me proibir de sentir-me todos os dias como me sinto quando estamos juntos, me consola com a saudade e a memória, com a nostalgia, com a acção sobrenatural de te ver em sonhos e realidade, com a ilusão de que estás comigo, presente, todos os dias, ao meu lado...Chama-se saudade ao sentimento cruel que o destino me propõe.

4 dias antes das 12 badaladas que celam o fim de 2010 e deparo-me adormecida no carro a caminho do nosso reencontro, num pulo acordo e cada minuto que passa compara-se a longas horas de nervosismo e ansiedade por te ver.
É estranho, cada vez que nos encontramos, parece-me como a 1ª vez... cliché hã?
Para aumentar a minha sorte, durante a pausa para encher o depósito, deparo-me com um furo no pneu traseiro direito.
Ah mas porquê destino? Será esta a tua maneira para me preparares para algo?
De volta á estrada, pergunto-me se terás mudado...terás barba, não terás? Cortaras o cabelo ou deixara-lo crescer?estarás mais alto, estarás igual...estarás diferente?...
Deixo-me de pensamento absurdos e foco-me no meu rumo, está quase.
Chego e tiro as coisas do carro, uma arrumadela aqui e ali, uma bucha para as horas do caminho com pouco sustento no estômago e penso se deverei ir ou não a esplanada...esplanada essa em que te conheci sim, esplanada essa que era o nosso ponto de encontro...mas não, talvez seja muito cedo, amanhã é um novo dia e já muitos pensamentos se apoderaram da minha mente, nada que uma noite de descanso não resolva. Amanhã é outro dia.

Dia 29, 15:26, acordo, do quarto já sinto o cheiro do almoço, uma breve passagem pela casa-de-banho e sento-me à mesa, conversas nas quais não participo enquanto penso se saberás se partilhamos a mesma vila.
Acabo a refeição e sigo-me novamente para o wc, num duche de 25 a 30 minutos com mais pensamentos e memórias que shampoo, enrolo-me na toalha e sigo para o quarto, visto-me e calço-me, dirijo-me para o espelho e penteio nostalgicamente os meus longos e outrora castanhos e alourados cabelos, observando a sua actual cor escura. Longos e encaracolados cabelos negros, será que vais notar?
Será esta mudança uma partida do meu sub consciente tentando transmitir-me uma mensagem?
Não sei mas não quero pensar mais nisso.
Continuando, coloco o risco do lápis e uma leve e acinzentada sombra nos olhos, ponho rímel nas minhas longas pestanas e finalizo com um baton de um rosa muito leve, estou pronta, aguardo a companhia pois não te vou enfrentar sozinha, e com isto chega o jantar que de tão pouco como devido ao nervosismo.
Acabada esta refeição vou a caminho da esplanada pelas curvadas estradas que definem o caminho até ti, um caminho contornado por árvores e arbustos que o torna um tanto assim "encantado".
Chego, sento-me e espero, o empregado vem e peço-lhe um café.

Petrarca, num pequeno gesto enquanto transporto os meus sentimentos para o papel, comparo-me a Petrarca, um poeta italiano do século XIV, que pelo que escreveu descobriu-se que Petrarca se apaixonara por uma rapariga chamada Laura apenas pelo olhar que cruzaram.
Laura era uma mulher casada e com 11 filhos, sem nunca ter falado com ela o poeta escreveu sobre o seu amor por ela, sobre o seu amor platónico, hum com esta história sinto-me uma sortuda, pelo menos tive a oportunidade de te conhecer, de travar conversas contigo, de te beijar a face e de receber um beijo teu e um simples toque...
Comparo-me com o poeta pois agora sei e sofro com isso, que és comprometido e assim o tencionas ficar por muito tempo, com essa informação que não fora partilhada comigo pela tua boca, por ti, sofro silenciosamente... minutos antes de chegares ao meu encontro dão-me a notícia, chocada dirijo-me a casa-de-banho e solto uma lágrima, pois antes meses de te conhecer já isto se dava.
Ela não te chega? Já não sentes aquela paixão, aquela adrenalina quando estás com ela?
Ou não passa de um mero acto para não te sentires só? Para te sentires completo? Mais completo?
Com estes pensamentos limpo as lágrimas derramadas.
Sem saber o que fazer dirijo-me a esplanada novamente, tu estás lá!
Não sei o que fazer e num puro reflexo inconsciente volto para trás e escondo-me atrás da parede que constitui um corredor para a casa-de-banho sem que notes, cuidadosamente espreito e vejo-te levantar a cabeça como que à procura de alguém, será de mim?
Envolvo-me numa respiração funda e vou em frente, depositas o teu doce olhar em mim sorris e deixas de procurar o que quer que fosse, concluindo eu que seria de mim.
Chego e sento-me, soltas um 'Olá' sorridente, eu retribuo com um 'Oi' seco, sentes o tom da minha voz e estranhas olhando para baixo como questionando-te a ti mesmo algo...questionar-te-ás se sei? não sei, neste momento já não sei se a nossa sintonia não passara de um acto teatral...sinto-me perdida...
Conseguiste tralhar o caminho mais longo e dificil, o caminho para o meu coração...e agora sinto-me vazia, sinto um caminho aberto e descoberto para o meu coração, sinto-me destapada, sinto-me nua, sinto um espaço por preencher, espaço esse que foste ceifando até ao mais ínfimo pormenor até ao cadeado da minha alma, que ao que parece, te entreguei a chave de bandeja e agora sofro por isso com um arrependimento inconsciente. Ficas a olhar para mim directa e fixamente sem te preocupares se notam ou não.
Sinto-me observada e continuo com o olhar baixo. Inspiro e levanto o rosto olhando-te nos olhos, o empregado faz-me sinal e como a esplanada está cheia, levanto-me e dirijo-me ao balcão, vens atrás de mim pegas-me a mão e puxas-me para as traseiras do café...ficas a olhar para mim e não dizes nada, e ao encontro do teu olhar solto uma lágrima...
Tu elevando o polegar direito, passa-lo pelo meu rosto limpando-me a gota de água salgada que escorria ao longo das minhas maçãs do rosto rosadas, de seguida levas a tua mão a parte de trás da minha cabeça e leva-la de encontro ao teu peito envolvendo-me num abraço profundo...pedes desculpa.
Levanto o olhar e sinto uma pinga no meu nariz...derramada por ti... se não passa de mero acto teatral força nisso, ao que parece tens jeito, pois todos os pensamentos que á pouco predominaram a minha mente, se dissolveram deixando-me com um sentimento de culpa... após outro abraço, a tua mão direita vai de encontro ao meu queixo elevando-o assim, fazendo os nossos lábios tocarem,e o nosso abraço mais forte, sentindo-te apertares-me como que não quisesses que nunca mais me fosse embora, e sentindo uma lágrima seguida de outra digo-te adeus e desapareço por entre o nevoeiro e o preto-carvão da noite...

sábado, 27 de novembro de 2010

Primeiro


An old man turned ninety-eight
He won the lottery and died the next day
It's a black fly in your Chardonnay
It's a death row pardon two minutes too late
Isn't it ironic... don't you think

(chorus)
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures

Mr. Play it Safe was afraid to fly
He packed his suitcase and kissed his kids good-bye
He waited his whole damn life to take that flight
And as the plane crashed down he thought
"Well, isn't this nice."
And isn't it ironic ... don't you think

(chorus)
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures

Well life has a funny way
of sneaking up on you when you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny way
of helping you out when you think everything's gone wrong and everthing blows up in your face

A traffic jam when you're already late
A no-smoking sign on your cigarette break
It's like 10,000 spoons when all you need is a knife
It's meeting the man of my dreams
And then meeting his beautiful wife

And isn't it ironic... don't you think
A little too ironic.. and yeah I really do think...

(repeat chorus)

Well life has a funny way of sneaking up on you
And life has a funny, funny way of helping you out
Helping you out

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Reencontro


Sem qualquer comunicação estabelecida no espaço de tempo em que as nossas presenças juntas estavam ausentes dá-se o reencontro.
Uma noite de verão, o céu estrelado, a aragem quente, as ruas cheias de gente, tudo normal como em qualquer outro dia. Convidam-me para sair, entro no carro e caminho a estrada curvada. Chegamos ao local onde nos conhecêramos. Sem me aperceber apareces por trás de mim tocas-me e dás-me um beijo como que desconhecidos, após te aperceberes quem era trocamos olhares mutuamente cúmplices sem que ninguém se aperceba. Sentas-te ao meu lado e inicia-se uma conversa de grupo na qual não participo mas escuto. Enquanto isso presenciamos todos uma bela noite de fogo-de-artifício. O tempo passa e continuam as trocas de olhares, levanto-me na direcção da casa-de-banho, segues-te tu na mesma direcção mas para pagar o café...antes de entrar pela porta olho para trás e deparo-me com o teu olhar doce...confirmo a ausência de qualquer pessoa na casa-de-banho e quando concluo isso, sinto a porta a abrir, entras bruscamente e empurras-me contra a parede bloqueando a porta, os nossos corpos tocam-se e sentimos uma corrente de ar intensamente quente, embora não hajam janelas. Encostas a tua cabeça na minha, ambos fechamos os olhos e sentimos a respiração de cada um há medida que as nossas mãos deslizam no corpo um do outro até ao coração onde sentimos a aceleração mutua do ritmo cardíaco. Ainda de olhos fechados os nossos lábios tocam-se sem selar um único beijo... Os números do tempo continuam a decorrer embora aquele momento pareça uma quebra no tempo da mesma maneira que ambos o desejamos que seja. Nada poderia igualar tal momento em que 2 corpos unidos daquela maneira, e dois bateres de corações como os nossos, pudessem soar tão apaixonadamente melódicos, acompanhando-se um ao outro de tal maneira que parecessem um só. Tão rapidamente começara como acabara e em dois segundo te afastas de mim, me olhas nos olhos e juntos saímos da casa-de-banho sem que ninguém se aperceba do que acabara de acontecer vendo apenas dois estranhos indivíduos a sair dos lavabos, naturalmente. Chegas há mesa e sentas-te, todos questionam a tua demora mas tu justifica-la apontando para a fila formada no balcão. O resto da noite eu tornara-me completamente ausente pois o meu pensamento presenciava os breves minutos passados, na casa-de-banho. Mais dias correram, e cada reencontro era, a partir daquela noite nos lavabos, indiferente, onde os nossos destinos se cruzavam unicamente através dos contínuos olhares que transmitia-mos um ao outro. Passou-se um mês sem trocarmos uma única palavra, em que a nossa comunicação se sustentava apenas de olhares. Uns dias mais tarde ergue-se um convite da tua parte, ao grupo de amigos onde ambos estávamos inseridos, para visitar o teu refúgio, a tua casa... convite esse, aceite apenas por 3 membros do grupo da qual 1 deles era eu. Os dias passam e esse dia chega. É já amanhã, não sei como reagir, não nos falamos desde aquele dia. Por fim vou-me deitar imaginando a decadência da noite seguinte, em que chego, te cumprimento e acaba ali a nossa ligação pois a minha partida aproxima-se. Já deitada, aguardo que o sono chegue, sem tirar durante um único segundo da cabeça, aquela maravilhosa tarde junto ao rio...será que não passou de um sonho? questionei-me nessa noite...adormeço com um sorriso nos lábios e um nervoso miudinho.
Dia seguinte. Acordo, espreguiço-me, levanto-me e dirijo-me há cozinha, encho uma taça de cereais sem leite e como com as pontas dos dedos. Estranha e inesperadamente relaxada com o que se segue vou preparar-me, faço a rotina. Abrir a água, deixar aquecer, despir o pijama, desprender o cabelo, entrar na banheira, molhar a cabeça, pôr shampoo, lavar a cabeça, pôr amaceador, esfregar o corpo com gel de duche e lavar os dentes enquanto o amaceador actua, pentear o cabelo, ainda com o condicionador, lavar e enxaguar novamente a cabeça e o corpo, enrolar-me na toalha, ir para o quarto, vestir-me, calçar-me, maquilhar-me e estou pronta.
Os dois outros membros do grupo aguardam-me no carro, entro e sigo rumo a tua casa. O tempo passa. Cheguei. Um deles toca há campainha e eu mantenho-me cá atrás, abres a porta cumprimentas todos e convidas-nos a entrar. Acanhada, sigo-te na direcção do teu quarto. Comenta-se a minha súbita mudança de humor sempre que estás presente, rapidamente apercebes-te que a pessoa envergonhada, calada e introvertida não passa de uma mera reacção de medo da tua reprovação, tentas descobrir mais sobre o meu 'eu', mas continuo reservada a teu respeito, os outros dois continuam a sua conclusão de que não sou a mesma, mas não tenho maneira de o negar, mudas a minha pessoa, na tua presença sinto-me uma presa fácil no meio do prado, sinto-me indefesa contra as tuas reacções pois desconheço-as, mas rapidamente invoco um assunto que muda o tema de conversa e que faz sair o meu 'eu' cá para fora, começas a conhecer-me e apercebo-me que o medo da tua reprovação fora em vão, pois demonstras uma atitude contrária. Cada vez vais puxando mais de mim, e eu vou-te dando, qualquer pessoa de fora sentia aquele ambiente de sintonia, os nossos pensamentos acompanhavam-se lado a lado, os nossos interesses eram paralelos, a tua vida não se compara há minha, os nossos estilos de vida contrapõem-se. Somos os opostos. Resta apenas dizer que eu sou da cidade e tu do campo. As horas passam e rapidamente a noite cai, vimos filmes acompanhados de pizza. Ouvimos musica. Recorda-mos momentos históricos. Comentamos partes das nossas vidas. Até que nos apercebemos que os outros dois adormeceram... olho para o relógio, este marca 04:31. Não nos deixamos levar pelas horas e continuamos a falar. Um deles acorda e junta-se a conversa acabando por adormecer novamente sem darmos conta. Pergunto onde é a casa-de-banho e mostras-me o caminho. Chegamos eu lavo a cara e seco com a toalha, não tinha reparado que tinhas ficado a olhar para mim... olhas-me nos olhos, eu aproximo-me, mas desta vez guio-te eu, encostando-me contra a parede, olho para o chão e ergo os olhos nos teus como que um chamamento...vens na minha direcção e dá-se uma inspiração de ar violenta...de olhos fechados e com a cabeça no teu peito, sinto a tua mão esquerda no meu pescoço, e a direita na minha perna, estando ela assim pairada no ar, com o meu joelho na tua coxa, segura apenas pela tua mão. As minhas mãos percorrem o teu corpo passando levemente pelos teus braços sentindo os teus músculos, até ás tuas costas, agarrando-te e apertando-te, puxando-te e encostando o teu corpo no meu até que os nossos peitos se unissem e eu te sentisse, até as tuas mão se envolverem nas minhas costas, por dentro da camisola sentindo a minha pele quente, depressa as tuas mãos continuam o caminho do meu corpo descendo as costas e separando-se nas minhas ancas. Eu ponho as mãos na tua nuca e ali, após este momento de conforto e de carinho, beija-mo-nos finalmente. A respiração acelera e rapidamente fechas a porta trancando-a connosco lá dentro. Seguem-se mais beijos mas paramos. Esperamos calados olhando um para o outro. Senta-mo-nos no chão frio e decorre mais uma longa conversa saudável, acompanhada de sorrisos e muitas outras coisas, dou por mim de cabeça deitada no teu colo a olhar-te intensa e profundamente, baixas a cabeça, beija-mo-nos novamente mas através do pequeno cliché chamado beijo há Spider-man. Os meus olhos fecham-se para sentir o beijo e acaba-se a noite... mais tarde, enquanto observo o céu cheio de estrelas pelo vidro do carro no qual se inicia a minha partida ou por outras palavras o meu regresso a casa, acompanhado de um sorriso pelo que acabara de viver, vem um breve sentimento de Nostalgia.

Nostalgia

Ouvem-se as águas movimentarem-se de um lado para o outro, sente-se a corrente e o rumo tomado por aquele que nos refresca, nos dá visões de vida, perspectivas de frio, o começo de uma brincadeira, o poder de o domar, a ilusão de ser só nosso, a inveja da sua riqueza, a vontade de liberdade, onde se presencia vida a cada momento...mas antes do encontro vem o conhecer...
noite quente, esplanada cheia. Uma chávena de café não mão esquerda, cigarro na mão direita, cadeiras espalhadas com amigos ausentes, barulho...apareces sem eu dar conta, levanto-me e beijas-me a face, dizes-me o nome e perguntas-me o meu...período de tempo...enquanto apago o cigarro e pouso a chávena do café, sentes a minha mão fria no momento em que me ajudas a sair do cubículo em que me enfiara...entro e pago. Saio e tenho-te há minha espera. Tomas-me a mão e eu pergunto onde vamos, conduzes-me a descer as escadas e sorris com cumplicidade...fico há deriva no meu pensamento...continuamos a andar e levas-me a uma sala...uma sala cheia com uma mesa no meio, aguardas reacção e eu sorrio...avançamos na direcção da mesa pegas nas maçanetas e rodas o pulso com objectivo de conduzir a bola. O tempo passa. A diferença de números é 3-2, a vitória no momento permanece tua...sem hesitares levas a bola, não com objectivo de vencer mas sim de me deixares fazê-lo e passas-me a pequena esfera, eu marco...repetiste-o mais 2 vezes...eu ganho e ofereces-me um prémio - um dia bem passado como esta noite... - o telefone toca, aguardo-te no carro dizia a mensagem.hora da despedida. Dizes adeus e dás-me um beijo na cara, com sorrisos mutuamente cúmplices dizes até amanhã. Bochechas vermelhas e arrepios pelo corpo...período de tempo...chego a casa, vou para o quarto. A ânsia que chegue o amanhã consome-me as forças...a barriga aperta mas no entanto adormeço com um sorriso nos lábios...
É de manhã. Descalça percorro o corredor até à casa de banho. Duche de água fria para acordar, visto-me, preparo-me para sair. Direcciono-me para o parque.Estás lá mas não me vez. Observo-te atentamente. Estás feliz, sorris e bates o pé como que um nervoso miudinho...desço os degraus, encontro-me contigo e dou-te um beijo na bochecha. Coramos, sorrimos...sentados num banco há frente de crianças enérgicas a brincar e no decorrer de uma hora pouco falamos...fartos de silêncio começamos a falar ao mesmo tempo...Calo-me, quero ouvir-te...falas-me de um rio e convidas-me a visitá-lo...levanta-mo-nos e lado a lado sigo o teu rumo...descemos uma e duas colinas, passamos a vila e andamos mais, relva, é tudo verde. Árvores, uma ponte, o rio e o céu azul e limpo por cima das nossas cabeças. Sorrimos enquanto apreciamos. Chegámos. Sento-me no chão e tu ao meu lado...falamos do campo e da cidade, do sol e da chuva, de peixe e de carne, da vida e de morte e por fim da única coisa mais bonita que o teu interior...música. Pegas no teu instrumento que nos acompanhara até ali e deixas fluir a melodia soada pelo D'jambé. Sentada a olhar para ti, aprecio o teu 'eu' a sair abraçado a cada nota que se desenrola da melodia. Faz-se o flash da gravação do momento, ouve-se o pi do inicio do filme que está a ser feito por mim. Observo o rio e sinto-me calma...separas-te do descodificador de personalidade, dás-me a mão e deita-mo-nos na relva...por cima de nós o céu limpo e azul, o topo de algumas árvores, o som dos passarinhos e o bater das asas das borboletas. Dia de Primavera. Flores há nossa volta...sinto-te a olhar para mim...o tempo passa e desenrola-se algo...breve momento de olhos nos olhos. Sinto o sabor do teu beijo, mas desta vez não um beijo de Olá ou Adeus mas sim um beijo de pura conexão. Sente-se a onda de boas vibes que nos rodeia. Apertas-me e encostas-me contra o teu peito num abraço profundo...um abraço de futura despedida, um abraço da qual nunca se quer que acabe...nesse momento senti-te...nesse dia muitas coisas aconteceram e hoje é horrenda a saudade que me assombra todos os dias...quando te encontro em sonhos e acordo a sentir o teu toque, o teu abraço, o teu beijo. tremendo é este sentimento que me faz sentir-te como se estivesses aqui. Tal é a dor de não saber se te volto a ver que olho para o céu sorrio e agradeço por aquele maravilhoso dia de primavera, há beira do rio, acompanhados por uma melódica musica que nos transporta para um estado zen, em que te conheci e senti como eras...O tempo passa e os dias decorrem...a saudade permanece acompanhada da nostalgia
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