segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nostalgia

Ouvem-se as águas movimentarem-se de um lado para o outro, sente-se a corrente e o rumo tomado por aquele que nos refresca, nos dá visões de vida, perspectivas de frio, o começo de uma brincadeira, o poder de o domar, a ilusão de ser só nosso, a inveja da sua riqueza, a vontade de liberdade, onde se presencia vida a cada momento...mas antes do encontro vem o conhecer...
noite quente, esplanada cheia. Uma chávena de café não mão esquerda, cigarro na mão direita, cadeiras espalhadas com amigos ausentes, barulho...apareces sem eu dar conta, levanto-me e beijas-me a face, dizes-me o nome e perguntas-me o meu...período de tempo...enquanto apago o cigarro e pouso a chávena do café, sentes a minha mão fria no momento em que me ajudas a sair do cubículo em que me enfiara...entro e pago. Saio e tenho-te há minha espera. Tomas-me a mão e eu pergunto onde vamos, conduzes-me a descer as escadas e sorris com cumplicidade...fico há deriva no meu pensamento...continuamos a andar e levas-me a uma sala...uma sala cheia com uma mesa no meio, aguardas reacção e eu sorrio...avançamos na direcção da mesa pegas nas maçanetas e rodas o pulso com objectivo de conduzir a bola. O tempo passa. A diferença de números é 3-2, a vitória no momento permanece tua...sem hesitares levas a bola, não com objectivo de vencer mas sim de me deixares fazê-lo e passas-me a pequena esfera, eu marco...repetiste-o mais 2 vezes...eu ganho e ofereces-me um prémio - um dia bem passado como esta noite... - o telefone toca, aguardo-te no carro dizia a mensagem.hora da despedida. Dizes adeus e dás-me um beijo na cara, com sorrisos mutuamente cúmplices dizes até amanhã. Bochechas vermelhas e arrepios pelo corpo...período de tempo...chego a casa, vou para o quarto. A ânsia que chegue o amanhã consome-me as forças...a barriga aperta mas no entanto adormeço com um sorriso nos lábios...
É de manhã. Descalça percorro o corredor até à casa de banho. Duche de água fria para acordar, visto-me, preparo-me para sair. Direcciono-me para o parque.Estás lá mas não me vez. Observo-te atentamente. Estás feliz, sorris e bates o pé como que um nervoso miudinho...desço os degraus, encontro-me contigo e dou-te um beijo na bochecha. Coramos, sorrimos...sentados num banco há frente de crianças enérgicas a brincar e no decorrer de uma hora pouco falamos...fartos de silêncio começamos a falar ao mesmo tempo...Calo-me, quero ouvir-te...falas-me de um rio e convidas-me a visitá-lo...levanta-mo-nos e lado a lado sigo o teu rumo...descemos uma e duas colinas, passamos a vila e andamos mais, relva, é tudo verde. Árvores, uma ponte, o rio e o céu azul e limpo por cima das nossas cabeças. Sorrimos enquanto apreciamos. Chegámos. Sento-me no chão e tu ao meu lado...falamos do campo e da cidade, do sol e da chuva, de peixe e de carne, da vida e de morte e por fim da única coisa mais bonita que o teu interior...música. Pegas no teu instrumento que nos acompanhara até ali e deixas fluir a melodia soada pelo D'jambé. Sentada a olhar para ti, aprecio o teu 'eu' a sair abraçado a cada nota que se desenrola da melodia. Faz-se o flash da gravação do momento, ouve-se o pi do inicio do filme que está a ser feito por mim. Observo o rio e sinto-me calma...separas-te do descodificador de personalidade, dás-me a mão e deita-mo-nos na relva...por cima de nós o céu limpo e azul, o topo de algumas árvores, o som dos passarinhos e o bater das asas das borboletas. Dia de Primavera. Flores há nossa volta...sinto-te a olhar para mim...o tempo passa e desenrola-se algo...breve momento de olhos nos olhos. Sinto o sabor do teu beijo, mas desta vez não um beijo de Olá ou Adeus mas sim um beijo de pura conexão. Sente-se a onda de boas vibes que nos rodeia. Apertas-me e encostas-me contra o teu peito num abraço profundo...um abraço de futura despedida, um abraço da qual nunca se quer que acabe...nesse momento senti-te...nesse dia muitas coisas aconteceram e hoje é horrenda a saudade que me assombra todos os dias...quando te encontro em sonhos e acordo a sentir o teu toque, o teu abraço, o teu beijo. tremendo é este sentimento que me faz sentir-te como se estivesses aqui. Tal é a dor de não saber se te volto a ver que olho para o céu sorrio e agradeço por aquele maravilhoso dia de primavera, há beira do rio, acompanhados por uma melódica musica que nos transporta para um estado zen, em que te conheci e senti como eras...O tempo passa e os dias decorrem...a saudade permanece acompanhada da nostalgia
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